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| Fonte: https://www.familiamudatudo.com.br/adulto-apenas-uma-crianca-que-cresceu/ | 
Não.
Eu não estou perdido.
Não estou perdido entre os becos e
vielas por onde me deixei.
Não me abandonei a ponto de não mais me
reencontrar.
É que o caminho estava escuro e quando,
finalmente, encontrei uma luz, ela estava turva pela neblina que o frio denunciava.
Enquanto eu tremia com a falta de
calor, gritei em silêncio para que eu não me ouvisse, mas já era tarde demais.
Senti muito a minha falta. Tanto que
percebi o amor que minha falta me mostrou.
Senti que tudo estava de fato tão perto
que eu não alcançava pegar.
O trajeto foi doloroso e o cansaço
latejava meus pés dia e noite.
A pele já não mais encontravam a carne
e meus ossos já não mais se escondiam.
Quem eu era? Por que se escondeu de
mim?
De repente, um gemido temeroso me
alcançou. “não se vá novamente”, a voz me clamava.
Respirei profundamente e me abaixei
para ouvir aquela que me puxava pelos pés.
“não me abandone novamente”, mais uma
vez clamou-me com olhos cheios de lágrimas.
Era eu, encurvado, quieto, abandonado.
Então, a compaixão tomou-me e dei-lhe
um forte abraço, e me vi também com meus olhos encharcados.
“senti sua falta”, disse-lhe em tom
carregado de amor.
Um sorriso me foi dado e outro
retribuído.
Peguei-lhe pela mão e levei para casa.
“agora está tudo bem!”, dissemos!
