quinta-feira, 7 de junho de 2018

Fonte: https://www.familiamudatudo.com.br/adulto-apenas-uma-crianca-que-cresceu/

Não.
Eu não estou perdido.
Não estou perdido entre os becos e vielas por onde me deixei.
Não me abandonei a ponto de não mais me reencontrar.
É que o caminho estava escuro e quando, finalmente, encontrei uma luz, ela estava turva pela neblina que o frio denunciava.
Enquanto eu tremia com a falta de calor, gritei em silêncio para que eu não me ouvisse, mas já era tarde demais.
Senti muito a minha falta. Tanto que percebi o amor que minha falta me mostrou.
Senti que tudo estava de fato tão perto que eu não alcançava pegar.
O trajeto foi doloroso e o cansaço latejava meus pés dia e noite.
A pele já não mais encontravam a carne e meus ossos já não mais se escondiam.
Quem eu era? Por que se escondeu de mim?
De repente, um gemido temeroso me alcançou. “não se vá novamente”, a voz me clamava.
Respirei profundamente e me abaixei para ouvir aquela que me puxava pelos pés.
“não me abandone novamente”, mais uma vez clamou-me com olhos cheios de lágrimas.
Era eu, encurvado, quieto, abandonado.
Então, a compaixão tomou-me e dei-lhe um forte abraço, e me vi também com meus olhos encharcados.
“senti sua falta”, disse-lhe em tom carregado de amor.
Um sorriso me foi dado e outro retribuído.
Peguei-lhe pela mão e levei para casa.
“agora está tudo bem!”, dissemos!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Quem saberá de mim? Quem vive onde vivo? Quem enxerga o que vejo?
Ninguém!
Ninguém sabe o que é viver sem ver
Ninguém sabe o que é saber sem ter
Ter o que?
O que importa ter?
O que é importante ter?
Diante de tantos bens não ser ninguém
Alguém que não sabe fazer o bem
É tão escuro que vivo perdido
É tão desconhecido que só sei do nó que sinto
Para onde vou? Quem me ouve? Se me ouve, quem me entende?
Só escuro. Só escuto. Sem ser visto ou ouvido.
Apenas a máscara que me cobre.
Apenas a pedra em que tropeço.
Meus olhos parecem estar encharcados por um rio de lágrimas que ainda não caíram e queimam meus olhos como se eles quisessem queimar a tristeza que me assola
Depois de passar horas dentro de mim, vejo que abandonei por tempos lá dentro, no escuro, no frio, no túnel sóbrio que leva-me a mim mesmo
Sinto-me cruel por ter me deixado tão desprezado nesse lugar
Por tempos me ouvi pedindo socorro mas preferia escutar quem estava fora, os outros
Hoje percebo o quão distante estou de mim
Sofrendo por não mais saber quem sou
Sofro pela distância e pela falta de forma que assumi
Meus olhos estão pegando fogo, fogo que é alimentado pelo combustível altamente inflamável que carrego

terça-feira, 1 de maio de 2012


Sinto-me ameaçado. Aos poucos minha máscara está se desfazendo. Mas não posso fazer nada. Talvez eu não a tenha mais quando amanhecer. Só me restará encarar meu próprio reflexo. Ao me verem sem ela, enxergaram meus olhos tristes misturados com a minha expressão de medo incessante. Meu esconderijo será descoberto e eu não terei mais para onde ir. Estou tão desesperado que chego a não querer amanhecer junto com o dia, queria que minha trajetória acabasse aqui. 

sábado, 31 de dezembro de 2011


A mentira me provou o quanto e o q posso perder em minha vida. Também pude ver quão é amargo o arrependimento q o medo me traz. Pior do que se sufocar com um forte vento é não querer sentir o seu toque no rosto mostrando q a vida existe.


Não me culpe, não me julgue. Não precisa me entender, apenas não me despreze.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Paralisado


Paralisado, tudo está paralisado. não está acontecendo nada: nenhuma criação, nenhuma uma revolta, nenhuma arrependimento. Falando em arrependimento, talvez ele venha posteriormente, justamente por nada ter acontecido: nenhum risco arriscado, nenhum perdão perdoado, nenhum beijo roubado, enfim.
Quando, vez ou nunca, acontece uma conversa espontânea e sem vontade de acabar, é uma raridade. Ela se torna tão preciosa que sua ida traz uma tristeza tão amarga, porque não se sabe quando acontecerá novamente, deixando aquela saudade terrível. E quando acaba... parece que as palavras se vão de uma forma como se nunca tivessem nascido. Elas partem e volta aquela brisa q paira sobre os travesseiros fundos de tanto serem usados.
O dia se despede, a noite pede as boas vindas e se congela na madrugada, onde o silêncio é tão gritante quanto as batidas de um coração que descobriu que está apaixonado.
E nada acontece.
A vida vai caminhando meio que sem propósito. Vive-se simplesmente porque está vivo.
Mas a vida é tão preciosa. Tem um valor incalculável, ou melhor, não calculável. Contudo tem-se a sensação de que ela é um fardo. É como se ela estivesse atrapalhando o caminho da morte.
Alguns chamam toda esta situação de depressão, outros, de frescura. Não se sabe qual palavra se encaixa melhor porque para toda ação existe uma reação. E a ação que causou esta triste reação é desconhecida. Provavelmente seja a primeira opção.
Pois bem, para concluir esse pensamento nada criativo e forçadamente criado, vale lembrar que tudo isso vai passar. Que o tempo se encarregue de cuidar desse destino tão sem graça.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Foi assim

O silêncio dos últimos dias me entristeceu tanto que me mergulhei em meu próprio ego e consegui enxergar o quão desprezado ele estava. As boas lembranças consolavam as lágrimas que eu derramava enquanto sentia tamanha frieza ao meu redor. Essas mesmas lágrimas eu acumulei por tempos na esperança de encontrar novamente os ouvidos que me ouviam com tanta atenção e o sorriso que havia me cativado. Mas o meu refúgio tinha se desmoronado e já estava longe de mim antes mesmo de partir. As mesmas tristeza e solidão que deixei para trás, voltaram a me perseguir e, sem saída, dei-lhes as boas vindas.